Tarot renascentista de Giovanni Vacchetta, da editora Isis

Caixa e baralho.
O tarot renascentista é um baralho originalmente concebido em preto e branco por Giovanni Vachetta, em 1983, e colorido por artistas diferentes em suas numerosas publicações. Foi editado em vários esquemas de cores por diferentes artistas e também em preto & branco - seguindo as lâminas originais - por várias editoras no mundo. Essa que será analisada, a da Editora Isis, é baseada na da editora espanhola Editorial Sírio, e foi colorida pelo artista mexicano Guillhermo Elizarrarás.

A Editora Isis, ao que parece, tem a tradição de publicar tarôs com a mesma embalagem e material de outras editoras internacionais; a editora parece primar pela linha editorial do esoterismo e autoajuda, e possui em seu catálogo um número considerável de oráculos.

O baralho analisado tem o ISBN 978-85-8189-070-8; estão disponíveis basicamente duas edições: uma com o livro e o deck, e outra só com o baralho - mas não há diferenças entre ambas além da ausência do livro explicativo na edição só com o deck (e, obviamente, o valor). Comprei a segunda, uma vez que não me interesso muito pelos livretos que acompanham os baralhos.

Assumo ignorância sobre a possibilidade desta edição ter sido simplesmente traduzida pela Isis, sem nenhuma modificação na arte e formato do baralho; talvez os fatos que apontarei se devem à edição original da Editorial Sírio, mas não posso afirmar nada; uma vez que, no Brasil, o baralho está sob a responsabilidade da Isis, a ela irei direcionar os apontamentos.

Fiquei muito curioso com relação ao baralho por já ter lido afirmações de que ele é tido como um "predecessor" do Rider-Waite-Smith; mas não se enganem quanto aos arcanos menores: eles são, apesar de belamente ilustrados, similares aos baralhos mais tradicionais do que o RWS, em que os arcanos menores têm ilustrações descritivas - o simbolismo, aqui, é próximo ao do tarô de Marselha, porém mais ricamente ilustrado e exibindo já traços que culminariam no simbolismo hermético próprio do baralho ilustrado por Patricia Colman Smith. O baralho tem a mesma estrutura que conhecemos - os arcanos menores, maiores e as cartas da corte. Diferentemente do RWS, ele mantém a associação tradicional das cartas A Força e A Justiça, não as invertendo seguindo o Liber T da Hermetic Order of the Golden Dawn.

Adquiri o baralho pela Saraiva, no meio de uma promoção de dia dos namorados. Consegui 10% de desconto, e paguei no total R$37,31, um preço muito baixo perto do que é comum no mercado de tarôs nacional.
Caixa e verso das cartas

O baralho é extremamente bonito, e a descrição da editora afirma que o autor buscou um estilo de ilustração renascentista e medieval, tentando emular as ilustrações e traços de tarôs mais antigos, como o Visconti-Sforza e o Sola Busca. A dimensão das cartas é 12x7cm, e o verso, maravilhosamente trabalhado, nos permite utilizar as cartas invertidas sem nenhum problema. O baralho vem em uma caixa muito frágil que pode ser danificada facilmente - inclusive a minha veio bem amassada, mas não prejudicou o baralho, felizmente.

Algumas cartas aparentam problemas de impressão - talvez referentes à qualidade das lâminas originais do tarô -, sendo comuns partes borradas e esvoaçadas, não muito nítidas; em outras, não há problema algum. A questão da qualidade é meramente técnica, não sendo algo que incomoda muito ao olhar menos minucioso. Todas as cartas têm cores vívidas, marcantes do ponto de vista dos baralhos mais tradicionais, que possuem uma preocupação com a economia no uso das cores, por motivos técnicos e simbólicos.

O formato das cartas é algo que me incomodou profundamente. As ilustrações estão em um quadro menor que a própria carta, que é desproporcional; planejo no futuro cortá-las para que fiquem mais agradáveis - não entendo a opção por deixar as ilustrações dentro de um frame e um espaço vazio fora dele, como pode ser visto na foto que abre o post. Pra mim, foi uma péssima escolha.


O papel utilizado é muito frágil e fino; repito: muito frágil. O acabamento é ótimo, todas as cartas são envernizadas e bastante brilhantes, mas o baralho é de difícil manuseio. As cartas são muito finas e é difícil embaralhá-las - inclusive vêm todas coladinhas, demandando certo esforço para separá-las para o primeiro uso -. Não são cartas que você vai poder utilizar para leituras muitas vezes e continuarão intactas - elas vão se desgastar com o tempo, perder o acabamento envernizado e, possivelmente, rasgar ou dobrar por algum descuido. Então, apesar de belíssimo, não é uma boa escolha pras pessoas que querem o tarô de Giovanni Vacchetta como o baralho primário.

Com todos os prós e contras, achei uma boa aquisição. O deck é belíssimo e, pelo preço que consegui, bastante acessível. Não recomendo para uso frequente, mas vale a pena adquirir para coleções e usos eventuais. Ele pode ser comprado diretamente com a editora ou em livrarias.

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