O Tarô de Marselha, de Carlos Godo, da editora Pensamento


O baralho analisado aqui é o tarô de Marselha na versão de Carlos Godo, publicado pela editora Pensamento com o ISBN 978-85-315-0658-1; está na 27ª reimpressão, de 2017 - então não sei se a qualidade desta é a mesma de impressões anteriores. Esta edição vem com um livro e as cartas, e considero interessante abordá-los separadamente.


O tarô de Marselha é um dos mais utilizados tarôs do mundo, é reconhecido pelo seu simbolismo simples - porém complexo - e pela sua eficácia no uso divinatório. Sua origem é um mistério, mas se sabe que ele é um dos baralhos mais tradicionais que possuem essa ordenação de naipes como temos hoje - 22 arcanos maiores, 56 arcanos menores + cartas da corte. A questão polêmica nesse baralho é que, por sua antiguidade e fama, ele já foi publicado infinitas vezes, sofreu diversas modificações e hoje é difícil encontrar algum que remeta mesmo que ligeiramente à edição original. Esta edição da editora Pensamento é um dos exemplos de péssimo trabalho feito com um tarô maravilhoso.

Primeiramente gostaria de esclarecer que adoro a editora Pensamento; ela é responsável pela publicação de textos de valor inestimável dentro do ocultismo no Brasil. Sendo assim, tenho muita estima e não tenho interesse de partir desse caso particular para uma crítica geral aos trabalhos da editora.

Paguei R$31,96 na mesma promoção de dia dos namorados da Saraiva. Pelo baixo valor, já não esperava um baralho muito resistente, mas me surpreendi muito com a baixa qualidade dessa edição. Já utilizei vários tarôs de Marselha de diferentes editoras - e inclusive irei analisá-las aqui -, mas essa foi, de longe, a pior das edições que tive acesso.
Modifiquei o contraste da foto pra que possa ser visto a generosa economia de cores no rosto da Rainha de Copas. Não se engane: as cores não são tão vívidas.

O baralho tem o tamanho 12x6,5cm. As cartas são muito finas e tem um acabamento de verniz bem leve. Algumas ilustrações estão cortadas, incompletas - e outras com modificações estranhíssimas nas cores e desenhos. Elas são muito frágeis, ainda mais que a da resenha anterior. Qualquer tentativa de dobrá-la vai resultar na carta permanentemente danificada e marcada; ela se dobra com muita facilidade. A impressão e as cores são péssimos - tem partes mal coloridas, com literalmente pedaços sem colorir. As cores são bem fracas e os desenhos pouco nítidos.

Nem tirei fotos do fundo porque achei redundante detalhar; tem um tema floral, acinzentado, e também permite o uso das cartas invertidas.

A qualidade do livro que acompanha o baralho é uma polêmica à parte. Ele tem, como sempre, descrições individuais dos arcanos maiores, e um simples glossário numerológico que dá informações genéricas sobre os naipes e os números. A impressão do livro parece extremamente econômica, e ele tem vários erros históricos sobre o tarô - afirma que o de Marselha é o mais antigo, que o tarô tem origem no Egito, etc -, incorrendo em vários lugares-comuns historicamente falsos no meio esotérico. Acho que o texto mais atrapalha que ajuda, mas o desenvolvimento é particular de cada um; o considerei extremamente superficial. A melhor parte do livro é a apresentação, escrita por Luis Pellegrini: ela é bastante informativa e nos dá várias referências pra pesquisa, citando inclusive Papus, um dos autores com quem teve início esse mito do tarô sendo uma prática iniciática egípcia.

A questão da qualidade das cartas é muito triste, porque a editora poderia muito bem ter utilizado originais melhores; o baralho, como mencionei antes, tem as cores modificadas, de acordo com a editora que a publica e a escola simbólica que o colore - dessa forma, há várias opções no mercado que possibilitariam um baralho de melhor qualidade.

Essa edição, pelo preço, parece extremamente econômica. Não entendo por que fazer algo péssimo com valor baixo, sendo que ninguém vai tornar a buscar essa editora quando quiser outro baralho, já que ele é de péssima qualidade.

O baralho pode ser adquirido diretamente com a editora.

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